segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

TRANSGIRO

TRANSGIRO

para Sohl Cabanas


O girassol, em sentido contrário
dança, entre os dedos da sombra,
a sequência mínima dos ventos.

O girassol desobediente quer a lua,
esse sopro andante de ausência,
atração gravitacional permanente.

Passeio inaugural de verso não escrito
o girassol grita dentro da urbe caipira:
caminhos são mapas da pele desdita.

O sol em gira colhe sozinho
sangues de pátrias estrangeiras,
enquanto rios correm águas sem fronteiras.

O girassol janeira dezembros
esses meses siameses,
soprados pela língua do tempo.

Memória marinha do vento,
registra a rotação de sóis girantes,
para um pouco além da eternidade.

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